Novelas da Vida

Histórias Fa ntásticas

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

NOVELAS  DA  VIDA  


MARCOS - O MENINO PERDIDO


CAPÍTULO  6





      O dia começara a amanhecer quando Marcos deu de cara com um guará
que saiu do canavial e encarava e rosnava pro menino perdido. O  susto  foi
tão grande que Marcos ficou paralizado. O guará se aproximava   cada mais
 e já estava pronto para atacar quando de repente   se  ouviu  um  estampido
que soou de mata a fora.
__Venha pra cá garoto... agora. 
      O guará se embranhou na mata e sumiu pelo canavial afora. Marcos cor-
reu para perto do homem que tinha lhe salvado do ataque e começou a cho-
rar.
__Calma rapaz... foi apenas um susto... você teve sorte em... eu dificilmente
     cavalgo por essas bandas essa hora. É muito cedo em? Qual o seu nome?
__Marcos.
__Marcos!!! Eu tenho um filho que se chama Marcos... Marcos Antônio, mas
      eu chama ele de Marquinhos e você como é que eu devo chamar?
__É Marcos mesmo senhor.
__Oh! Desculpe. Meu nome é Briston... eu sou o dono dessas terras aqui.
__Que bicho é aquele senhor Briston... é um cachorro?
__É quase isso... na verdade é o lobo brasileiro... ele é o maior canídeo que
      temos em nossas matas. É muito brabo e ataca qualquer pessoas que cru-
      za o seu caminho.
__O senhor matou ele foi?
__Não Marcos... claro que não. Eu deu um tiro pro alto para assustá-lo. Ele 
      é muito importante aqui pra nós. Mas me diga o quê diabos você  estar fa-
      zendo aqui na mata sózinho?
__É que eu tava na casa de dona... ah não, é que eu estou perdido... eu preci-
      so achar a estrada... o senhor pode me ajudar?
__Acho melhor levar você pra cidade... o quê acha? Daqui lá dá mais  de três
      quilômetros e você pode encontrar outro guará por aí em? Venha monte.
__Eu não consigo senhor Briston é muito alto.
__Venha me dê a sua mão... pronto... você já galopou num cavalo.
__Não eu não.
__Então segura firme rapaz... e vamos nós.
      Até que enfim Marcos tinha encontrado uma pessoa   de  bom  coração  de 
verdade e ria a toa com aquela aventura. O cavalo preto era muito   veloz   por
isso o senhor Briston o chamava de relâmpago. O dia clareou por completo  e 
o senhor Briston cumpriu o que prometera pro Marcos.
__Pronto rapaz... chagamos... e agora o quê vai fazer?
__Eu vou pra minha casa... muito obrigado senhor Briston.
__Acho que você está me escondendo algo... não estar?
__Oh, não senhor... eu moro bem alí... pode deixar... muito obrigado?
__Tá bem garoto... tá bem... mas não entre na mata sózinho de novo, em?
__Ah, claro que não senhor... depois dessa...
__É bom mesmo rapaz . O guará não perdoa em? Até mais jovem... vamos re-
      lâmpago.
      O homem sacudiu o cavalo preto parecia até o zorro se despedindo do sar-
gento Garcia. Marcos lembrou-se bem vagamente. "Puxa... quase que aquele
bicho me ataca... se não fosse ele. Eu quase falo de dona Nina pra ele... vai que
ele conheça ela... aí ele iria me levar pra ela e eu estava ferrado" murmurava 
Marcos caminho sem direção. A cidade estava movimentada e o estômago  do
menino perdido começava a roncar, mas pelo menos ele estava salvo. Aproxi-
mou-se de uma barraca que vendia pastel e encostou-se num poste.
__Moço o senhor pode me dá um pastel desses... eu estou morrendo de fome.
__Vai sai daqui menino sai... eu nem abrir o negócio ainda e quem me apare-
      ce é um mendigo.
__Moço... eu não sou mendigo não. Eu só quero um pastel... eu estou com fo -
      me e não tenho dinheiro.
__Vai... vai embora vai... vai pedir em outra freguesia vai.
__O senhor nunca passou fome?
__Eu já falei pra ir embora... não falei?
__Pode dar o pastel pra ele senhor... eu pago.
__Muito obrigado senhor.
__Não há de quê... mas você não é daqui é?
__Oh, não senhor eu sou de Barreiros e eu procurando a minha mãe.
__Barreiros? Mas essa cidade fica muito longe daqui garoto. Você sabe onde
      estar?
__Sei sim senhor... estou em Recife.
__Que Recife que nada rapaz... termine seu pastel que eu vou...
__Eu posso pegar um caldo de cana também/
__Sim... claro... pode dá um caldo de cana pra ele.
__Tá vendo... era um pastel... agora um caldo... daqui a pouco ele quer que
      você leve ele pra casa.
__Sirva o garoto e pare de reclamar... eu estou te pagando, não estou?
__Eu agradeço senhor...
__Olha aqui garoto... eu percebo que você está completamente perdido e que-
      ro lhe ajudar.
__E por quê o senhor quer...
__Eu já passei por isso... e só quem passou é quem sabe o que é estar sózinho,
      longe da família e sem dinheiro e ainda mais com a sua idade.
__É senhor... eu só quero encontrar a minha mãe.
__Vem comigo... eu vou te ajudar garoto.

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