Novelas da Vida

Histórias Fa ntásticas

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

NOVELAS DA VIDA-MARCOS- O MENINO PERDIDO-CAP. 5

NOVELAS  DA  VIDA    


MARCOS - O MENINO PERDIDO


CAPÍTULO  5






      Depois do banho Marcos foi chamado pela dona Nina que serviu a janta.
Macaxeira com xarque e café de pó coado num pano saturado pelo tempo.
__Marcos... esse é o senhor Joca. Ele já faz parte da casa e você logo logo fa-
    rá também. 
__Mas eu só quero encontrar a minha mãe dona Nina... a senhora prometeu
    me ajudar...
__Cale essa boca e coma... depois vá pro seu quarto dormir... já aprontei ele
    pra você. 
__Nina você estar sendo indelicado com o...
__É melhor você parar Joca... do contrário você sabe o quê vai acontecer.
__Onde estar a televisão dona Nina?
__Televisão pra quê menino? Só passa o que não presta. Você precisa apren-
     der boas maneiras... amanhã logo cedo eu vou lhe ensinar.
__Nina... já acabei... agora vou me retirar.
__Estar bem... pode ir...  mas não esqueça de colocar comida pro meus gatos.
__Estar bem Nina.
__E amanhã não esqueça de arrumar o chiqueiro Joca. Você disse   que  iria 
    arrumá-lo na semana passada e até agora nada.
__Amanhã eu arrumarei com certeza Nina.
__Eu espero que sim.
__Eu vou é embora desse lugar.
__Marcos... venha aqui... Marcos?
__A senhora falou que iria me ajudar a encontrar a minha mãe.
__Mas que menino chorão... só fala nisso. Não percebe que a sua mãe lhe aba-
    donou garoto?
__Ela nunca faria isso.
__Faria sim e fez. Veja meu caso. Dei de tudo a meu filho e logo que ele se ca-     
    sou me abandonou e foi embora com aquela mulherzinha e nunca mais   eu
    ví a cara dele. Nunca me mandou nem uma carta.
__Mas dona Nina...
__Nem mais uma palavra rapaz... já pra cama... amanhã a gente conversa.
    Duas da madrugada e nada de Marcos conseguir dormir e pensava consigo
mesmo. "Quem ela pensa que é? Me ajudou e agora quer mandar em mim?
Eu só tenho uma mãe e ela não me abandonou. Tenho de encontrar  um  jeito
de sair daqui. Talvez o senhor Joca possa me ajudar... e se ele não me ajudar?
Oh! Meu Deus me dê uma força aí... eu só tenho nove anos... não sei o que fa -
zer. É eu já sei o que vou fazer.
__Senhor Joga? Senhor Joca? É Marcos senhor Joca.
__Garoto você enlouqueceu... quer que eu pague por isso é? Você não conhece 
     a Nina.
__Por favor senhor Joca me ajude. Eu não quero ficar aqui. Eu me perdir da 
    minha mãe... já perambulei por tudo que é lugar... eu não conheço nada por
    aqui e...
__Tá bom garoto, tá bom... agora fala baixinho antes que você acorde aquela 
     broaca... entre.
__Olha senhor Joca eu só quero ir embora daqui... me diga como.
__Menino... maldita hora que você encontrou essa bruxa.
__Ela é uma bruxa é senhor Joca?
__É o modo de falar garoto... Mas parece até uma bruxa mesmo... ela é muito
    má e eu só ainda não fui embora porque não tenho ninguém por mim. Não 
    tenho pra onde ir.
__Ah, senhor Joca quando eu crescer eu venho tirar o senhor daqui.
__Deixa de falar besteira Marcos. Olha... onde você se perdeu da sua mãe?
__Foi em Recife. 
__Sim garoto... mas Recife é muito grande... algum lugar... você não lembra?
__Sim eu lembro... minha mãe comprou um sorvete pra mim numa.
__Olha aqui garoto... ver se lembra de algum lugar ou dá o fora daqui.
__Eu me lembro que fizemos uma viagem de ônibus lá de Barreiros e quando 
    acordei estava em uma rodoviária.
__Olha é melhor você ir embora daqui eu não posso ajudá-lo.
__Mas senhor Joca eu...
__Vai... e não tivemos essa conversa hoje aqui em? Vai... o quê está esperando?
__Eu só quero encontrar a minha mãe senhor Joca... por favor. Eu te imploro.
__Espere... você falou rodoviária?
__Sim senhor.
__Então você deve ter pego o metrô?
__É senhor senhor Joca... o trem nos deixou...
__Lembra em que estação desceram?
__Foi na estação central senhor Joca.
__É isso... vocês desceram no centro de Recife e por quê eu não me lembrei logo
    disso?
__Mas disso o quê senhor?
__Ora... a Nina só faz compras em Recife e se você estar aqui ela só pode ter tra-
    zido você de lá. Mas que cabeça essa minha!
__O quê eu faço senhor?
__Você vai embora dormir e amanhã a gente conversa mais... estou morrendo de
     sono... e já passa das três horas garoto.
__Não vou não senhor... eu não quero passar mais nem um minuto aqui nesse lu-
    gar. 
__Ah, garoto... essa broaca já já acorda e eu é que vou pagar o pato.
__Não vai não senhor... me diga o quê fazer e eu  vou embora agora... quando ela 
    acordar eu vou estar longe e se ela perguntar por mim o senhor diz que nem me
    viu. Certo?
__E você acha que a broaca vai acreditar nisso.
__E por quê não senhor?
__Olha você vai fazer o seguinte...
     O senhor Joca explicou bem direitinho como Marcos deveria fazer para pegar a
estrada. Teria mesmo de encarar a mata pois se fosse até o ponto final do ônibus 
que lhe trouxe com a dona Nina com toda certeza alguém iria entregá-lo, pois algu-
mas pessoas achavam que a velha era boa pessoa, assim como Marcos também pen-
sou. O menino perdido agradeceu e se embrenhou na mata adentro sem saber os pe-
rigos que pudessem encontrar. Marcos estava decidido a se livrar daquele lugar obs-
curo que o destino tinha lhe dado e apesar da idade nem passou pela sua  mente  em 
desistir da aventura. Entrou na mata firme e forte.

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