NOVELAS DA VIDA
MARCOS - O MENINO PERDIDO
CAPÍTULO 4
A noite passou depresa e Marco com seus pesadelos. Sonhou que Zuca estava
lhe estrangulando; que o mundo ao seu redor estava em chamas; que os homens
das frutas, Artur e Joel estavam correndo atrás dele com pedaços de paus.
__Ei garoto... acorde, já passa das seis.
__Oh, não fui eu... não fui eu.
__Calma rapazinho, calma. Eu não vou lhe fazer nenhum mal.
__Ah... senhora obrigado por mim acordar. Eles queriam me pegar.
__Eles??? Ah, meu rapaz, você estava era tendo um pesadelo, mas já passou.
__É... eu estava morrendo de medo.
__Eu imagino... qual é o seu nome?
__Eu me chamo Marcos e estou procurando a minha mãe. Eu quero a minha mãe.
__Oh! Marcos, não chore. Você está perdido não é?
__Estou sim... e já faz tempo que não vejo ela.
__Que pena garoto. Eu imagino como ela estar se sentido em perder você. Olha meu
nome é Nina. Você deve estar com fome... quer que eu lhe pague um lanche?
__Quero sim senhora.
__Venha... tem uma lanchonete bem aqui pertinho
A senhora Nina estava com muita pena daquele garoto de nove anos. Quando jo-
vem ela tinha 25 anos de idade perdeu seu primeiro filho de uma doença que ela nem
se atreve a falar pra ninguém, mas se lembra que nos últimos momentos de vida de-
le, foi até farmácia próxima de sua casa e explicou tudo para o farmacéutico e o mes-
mo lhe deu um comprimido e lhe disse. "Dê isso aqui pra ele... e se não curá-lo... que
Deus o tenha em um bom lugar". Foi o dia que dona Nina mais chorou na sua vida.
Já o segundo filho e último, já tinha se casado e se mandado para Sao Paulo atrás de
dias melhores e nunca mais teve notícias dele.
__Senhora... senhora?
__Oh, me desculpe... eu estava aqui com os meus pensamentos. Quer mais?
__A senhora se importa?
__Claro que não meu garoto... peça o que você quiser.
__Eu quero mais um desses e um caldo de cana.
__Então pode pedir ao moço. Mas como devagar rapaz... se não você pode se engasgar,
não tem pressa.
__É que faz tanto tempo que eu não como assim.
__Eu entendo Marcos... fique a vontade.
__A senhora pode me ajudar a encontrar a minha mãe?
__Claro... eu preciso apenas comprar uns tecidos qui na cidade e depois vamos pra casa.
__A senhora vai me levar pra sua casa?
__Sim menino... você vai me contar tudo o que aconteceu e depois eu vou procurar a sua
mãe... o quê me diz?
__Ah... a senhora é muito legal. A senhora deixa eu tomar um banho na sua casa?
__É claro que sim... e ainda vou comprar umas roupas novas pra você.
__Vai é? A senhora caiu do céu dona Nina.
__Que nada menino... eu estou fazendo apenas o que o meu coração pede.
Dona Nina comprou os tecidos para terminar a blusa de Fatinha pois era uma costu -
reira de mão cheia e a Fatinha flha de uma das visinhas de dona Nina só queria fazer as
suas roupas com ela. A clientela era pouca mas fiel. a questão era que d. Nina demorava
muito pra entregar os seus poucos pedidos devido a sua dor na coluna e muita gente já ti-
nha desistido dela. Dona Nina aproveitou também e comprou tecidos pra fazer umas ber-
mudas pra Marcos.
__Pronto Marcos... já comprei o que precisava e já podemos ir. Vamos almoçar em casa.
__A senhora mora aonde?
__Não fica muito longe daqui. Vamos pegar o ônibus bem alí na esquina e logo estaremos
em casa.
__Mas a minha mãe estar por aqui senhora.
__Sim Marcos mas você não quer ficar mais jogado nas ruas, com frio, sede e com fome,
quer?
__Não senhora.
__E então... lá em casa você vai ter comida... um lugar pra dormir no quentinho, vai po-
der tomar seu banho... escovar seus dentes, roupas limpas, vai poder brincar com ou -
tros meninos que moram lá perto.
__Tem muito meninos lá é dona Nina?
__Sim... tem um montão deles. Você vai gostar Marcos.
__Ah... eu não vejo a hora de chegar.
O ônibus chegou ao seu final e já passava das seis horas da noite. Dona Nina se apressou
logo em acordar Marcos.
__Venha Marcos... chegamos.
__Já é noite dona Nina?
__É Marcos... o ônibus como sempre atrasou.
__Que lugar é esse?
__Não se preocupe rapaz... Você vai gostar daqui. Não vamos nem almoçar mais... já tá na
hora da janta. Venha vamos descer dessa lata velha.
Marcos começou enfim a se ligar nos fatos ao seu redor. A fome sempre deixa as pessoas
atordoadas e a mente nunca funciona direito. Começou a perceber que o tom de voz macio
de dona Nina começara a ficar aspéro e autoritario. Olhos pra todos os lados e só via uma
casa aqui e outra bem longe e como era noite desfaçou. Dona Nina pegou o menino de Bar -
reiros pela mão e saiu puxando firmemente como se estivesse com pressa. Ouviu o motoris-
ta murmurrar para o trocador. "Coitado desse menino". Mas naquela altura dos fatos
Marcos não entendeu bem o que o motorista quiz dizer e alí naquele momento teria casa e
comida, algo que ele não tinha a dias.
__Aqui estamos Marcos. Tome essa toalha e vá tomar um banho... esfregue bem as orelhas
viu. Tem água bastante no tonel e o caneco estar em cima do muro. Cuidado com os ca-
chorros... principalmente com o Duque... é o que tem uma mancha branca na testa. eu já
vou acender a luz.
__Estar bem dona Nina.
__Espere... por aí não... é por alí.
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